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Abril Azul: como o conhecimento e o apoio são fundamentais para o desenvolvimento de autistas


11 de Abril de 2024



O laço formado com peças de quebra-cabeças colorido é um símbolo cada vez mais conhecido e presente no cotidiano de famílias em todo o mundo. Ele simboliza o Transtorno do Espectro Autista (TEA) que, conforme dados do Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos (CDC), foi diagnosticado em 1 a cada 36 crianças em 2020. Os dados do CDC também servem de referência para o Brasil, já que ainda não há pesquisas sobre a prevalência no país.

O mês do Abril Azul foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), como uma forma de ampliar informações e dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista.

O maior acesso à informação, inclusive, tem sido importante para o aumento no número de diagnósticos. “As pessoas podem pensar: ‘será que estão diagnosticando qualquer coisa como autismo?’ ou ainda ‘agora não pode mais ter nada que já é autismo, com certeza é frescura’. Mas, este tipo de raciocínio é injusto e incorreto. Compreendo que a quantidade de diagnósticos aumentou, principalmente, devido ao maior acesso ao diagnóstico e a acessibilidade ao atendimento psicológico. Além disso, é possível que no passado, pessoas com espectro autista tenham sido diagnosticadas com esquizofrenia, por exemplo, e mantidas em manicômios, justamente pela falta de profissionais com conhecimento no assunto”, explica a professora do curso de Psicologia da Universidade de Gurupi – UnirG, Ana Caroline de Andrade, que é psicóloga, Especialista em TEA e Neuropsicologia.

O alto índice, segundo a professora, também tem relação com a genética. “Se o seu irmão está dentro do Espectro, as chances de você também estar, aumentam significativamente. É uma questão de probabilidade e, com o passar dos séculos, certas condições estão ficando e irão ficar cada vez mais frequentes por motivos de cruzamento genético, e isso é impossível de evitar”, complementou.

O respeito da sociedade é necessário para que não ocorra a discriminação ou o bullying em diferentes espaços. “A sociedade é aonde esta criança estará quando crescer, é onde este adulto já está. Ela é o reflexo das pessoas individuais, e é importante que esse reflexo seja de compreensão, de aceitação, de inclusão e respeito.  Isso é alcançável por meio da educação. Educar nossos filhos, nossos irmãos, nossos amigos, nossos alunos, nossos pais, todo mundo! É importante iniciar discussões sobre o tema e levar informações corretas para que cada vez mais pessoas estejam sensibilizadas”, frisa Ana Caroline.

Diagnóstico e intervenção

O acesso ao atendimento especializado foi importante para que o pequeno Diego Daniel Moura Cândido, de 8 anos, recebesse o diagnóstico de TEA em julho de 2023.

“Nos chamou a atenção o atraso no aprendizado da leitura, para juntar as sílabas e formar palavras, apesar de conhecer todas as letras. Fomos identificando outros traços que acreditávamos ser apenas da sua personalidade, mas que também eram compatíveis com o diagnóstico de autismo como: afastamento social, sua maneira particular de usar os brinquedos, acessos de raiva, chegando a agressividade quando forçado a fazer algo ou retirado de sua rotina de forma abrupta”, explica o pai de Diego, o servidor da UnirG, Dyego Cândido Santos.

“No primeiro momento estávamos relutantes, mas resolvemos buscar um profissional para encerrarmos as dúvidas quanto ao diagnóstico. Após ser atendido durante quatro meses, uma psicóloga levantou a hipótese de que Diego tivesse Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e TEA, sendo que na consulta com o psiquiatra o diagnóstico de TEA, nível 1 de suporte, foi confirmado”, explicou Santos. Desde então, Diego faz sessões de Terapia ABA duas vezes por semana.

Na Casa de Cultura da UnirG, ele também é aluno de piano. “Estudando sobre o autismo, li que a música é uma excelente ferramenta para eles, então vi na Casa de Cultura uma boa oportunidade. A experiência está sendo muito agradável, ele está interagindo bem e muito interessado nas aulas. Ficarei muito feliz se essa for uma área de foco dele”, disse a mãe de Diego, Alliny Fernanda de Moura Santos Cândido.

Segundo Alliny, a sociedade precisa de mais informações sobre o TEA, e falar desse assunto é muito necessário para que essa sensibilização aconteça mais rápido.

“A inclusão e o respeito partem de cada pessoa minimamente esclarecida, que queira aprender mais e entender que o autismo é uma realidade. Essas pessoas estão em nosso meio, fazem parte de nossa sociedade e assim como os demais tem direitos e deveres. São seres humanos criados a imagem e semelhança de Deus, merecem amor, respeito e oportunidades. Agradeço a Casa de Cultura e ao professor Moisés Ribeiro, pois sei que estão se dedicando para fazer o melhor que podem e isso me motiva a continuar na jornada pelo desenvolvimento do Diego”, disse.

Quando procurar ajuda?

A professora Ana Caroline explica que um dos principais desafios da pessoa com TEA, são as dificuldades de Comunicação e Interação social. “Estas são 2 das 3 áreas prejudicadas no autismo, a outra área é o padrão de comportamentos repetitivos e restritivos. A comunicação envolve, em crianças pequenas, a dificuldade na aquisição da fala; em adolescentes e adultos a dificuldade em se expressar. A área social nas crianças, inclui a dificuldade em brincar com os coleguinhas ou com os adultos, compreender regras, limites, dificuldades com frustração. Já nos adolescentes e adultos, costuma ser o sentimento de inadequação, incluem comportamentos restritos em relação à amizades e socialização”, disse.

Segundo a especialista, é relevante que os pais estejam atentos, já nos primeiros meses e anos de vida, a questões como a imitação e contato visual, socialização, entre outros.

“É comum que as crianças imitem tudo o que fazemos e o que falamos. Quando isso não ocorre, deve ser um motivo de preocupação. Olhar nos olhos não é um critério final para o TEA, mas é uma característica importante que indica a dificuldade na socialização. Então, vamos prestar atenção na socialização em si, a criança olha nos seus olhos? Sorri para você? Pede que você brinque com ela? Entrega brinquedos para você, afim de que vocês brinquem juntos? Entende quando você está triste ou feliz? Demonstra os próprios sentimentos? Tudo isso é saudável que ocorra na infância. Caso não esteja acontecendo, é motivo de preocupação”, diz a professora.

- Comunicação e interesse restritos:

Outra questão é a comunicação, caso a criança esteja com 3 anos e não desenvolveu a aquisição da fala, é passível de investigação. “Outra característica importante é o comportamento restritivo ou repetitivo, que consiste em gostar de brincar sempre com a mesma coisa, da mesma maneira, no mesmo local; prender-se à rotinas e sentir-se extremamente desconfortável caso haja mudanças; apresentar comportamentos repetitivos com alguma parte do corpo, como sacudir as mãos repetidamente, pular, fazer alguma expressão facial específica, bater palmas, pode ser qualquer comportamento emitido de forma repetitiva”, explica a psicóloga.

- Hiper ou hipo reatividade:

É muito comum que pessoas autistas tenham hiper ou hipo sensibilidade, isto é, pessoas muito sensíveis ou bem pouco sensíveis. “Vemos então dois extremos: a criança não demonstra sentir dor ou sente dor por qualquer movimento; a criança parece não ouvir quando lhe chamam ou é muito sensível com qualquer barulho; a criança parece não sentir o gosto dos alimentos ou é sensível e seletiva, por exemplo”, finaliza Ana Caroline de Andrade.

 

(Texto e fotos: Meiry Bezerra - Jornalista/Ascom)






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