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01 de Dezembro de 2025
A Universidade de Gurupi - UnirG, por meio do Observatório de Povos Tradicionais do Tocantins - OPTTINS, promoveu ações educativas voltadas ao fortalecimento linguístico, cultural e social das comunidades Javaé. As atividades ocorreram no último sábado, 29, na Escola Indígena Taína, na Aldeia Kanoano, na Ilha do Bananal, com foco no uso pedagógico de tecnologias digitais e na realização de atividades culturais e extensionistas.
Professores e acadêmicos dos cursos de Pedagogia e Letras, além de estudantes da educação básica e professor do Instituto Federal do Tocantins - IFTO/Gurupi participaram da ação.
Com o objetivo de contribuir para a manutenção linguística do povo Javaé, a pesquisa adotou o uso da plataforma WordWall para a criação de jogos bilíngues - em Iny Rybè e Língua Portuguesa. Foram aplicados
doze jogos interativos, como caça-palavras, labirintos, atividades de soletrar e palavras cruzadas, voltados a estudantes do ensino fundamental II e professores da Escola Taína.
Conforme Marcilene Araujo, as ações integram uma pesquisa que discute o papel fundamental da língua na preservação dos saberes tradicionais e da ancestralidade dos povos originários. “O estudo chama atenção para o apagamento gradual das línguas indígenas, especialmente, em decorrência do contato com a sociedade não indígena e da imposição de outros idiomas, processo que ameaça a identidade linguística e cultural dos povos”, disse a coordenadora do projeto.
As oficinas foram organizadas pelos professores Drª Marcilene Araujo (UnirG) e Matheus Barbosa (IFTO), os estudantes Rafael Oliveira e Malon Moreira (IFTO), por meio da pesquisa-ação, garantindo a participação ativa de professores, estudantes e anciãos Javaé no desenvolvimento das atividades. O intuito é o de integrar tecnologias digitais aos valores tradicionais e respeitar as formas próprias de aprender e transmitir conhecimento dentro da comunidade.
Araujo acrescentou ainda que durante as atividades, ela pôde perceber que muitos jovens ainda apresentam dificuldades nas propostas que envolvem a escrita em Iny Rybè.
“Esse desafio evidenciou para mim a importância de construirmos espaços pedagógicos que fortaleçam a
confiança dos estudantes na língua materna. Ao mesmo tempo, foi gratificante observar como os jogos digitais, quando utilizados de forma alinhada aos saberes tradicionais, se tornaram um recurso eficaz para fortalecer a identidade cultural, estimular a leitura e a escrita e promover uma educação verdadeiramente intercultural e significativa”, destacou.
Projetos de extensão fortalecem práticas culturais e cidadania
Além da pesquisa linguística, os acadêmicos participaram do projeto de extensão “Realidades Atuais de Crianças e Adolescentes Indígenas: Direitos, Desigualdades e Violações”, e da ação “Jogos e Brincadeiras da
Cultura Indígena”, desenvolvidos em parceria com a Escola Indígena Taína.
As atividades integraram os componentes curriculares Direitos Humanos e Diversidade Étnico-Cultural e Projeto Interdisciplinar Extensionista, sob orientação do doutorando, Valterlan Teixeira Araújo e do Me. Leandro Gomes.
O projeto buscou promover práticas pedagógicas que possibilitassem o diálogo crítico e acessível sobre os direitos das crianças e adolescentes indígenas, destacando desigualdades e situações de violação ainda vivenciadas pelas comunidades. Complementando a ação, os Jogos e Brincadeiras da Cultura Indígena ofereceram momentos de interação, troca de saberes e vivências corporais tradicionais.
“A iniciativa permitiu que crianças, adolescentes e universitários experimentassem manifestações lúdicas
próprias dos povos originários, fortalecendo identidades, valorizando conhecimentos ancestrais e reconhecendo o brincar como instrumento educativo e de formação cidadã”, reforçou Marcilene Araujo.
As ações desenvolvidas reafirmam o compromisso da UnirG e do OPTTINS com uma educação socialmente comprometida, intercultural e alinhada às demandas reais das comunidades indígenas do Tocantins. Tanto os jogos bilíngues quanto as atividades extensionistas demonstram o potencial transformador do diálogo entre saberes tradicionais e práticas acadêmicas.
“A expectativa é que essas iniciativas continuem fortalecendo a língua Iny Rybè, promovam o protagonismo indígena e ampliem o alcance das práticas pedagógicas que valorizam a diversidade cultural e os direitos das crianças e adolescentes Javaé”, concluiu a coordenadora, Marcilene Araujo.
Fotos: arquivo OPTTINS
